ATA DA CENTÉSIMA SEXAGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 07.11.1991.

 


Aos sete dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e um reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Centésima Sexagésima Sessão Ordinária da Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Centésima Qüinquagésima Nona Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Elói Guimarães, 01 Pedido de Informações; pelo Vereador Jaques Machado, 02 Projetos de Lei do Legislativo nºs 244 e 245/91 (Processos nºs 2812 e 2813/91), respectivamente; pelo Vereador João Bosco, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 246/91 (Processo nº 2834/91); pelo Vereador João Dib, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 249/91 (Processo nº 2849/91); pela Vereadora Letícia Arruda, 01 Indicação; pelo Vereador Omar Ferri, 01 Pedido de Informações; pelo Vereador Vicente Dutra, 01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 54/91 (Processo nº 2845/91) e 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 251/91 (Processo nº 2867/91); e pelo Vereador Wilton Araújo, 01 Pedido de Providências e 01 Projeto de Resolução nº 52/91 (Processo nº 2833/91). Ainda, foi apregoado expediente do Vereador Gert Schinke, comunicando seu desligamento da Bancada do Partido dos Trabalhadores e, também, foi deferido Requerimento do Vereador Isaac Ainhorn, solicitando seja incluído na Ordem do Dia o Projeto de Lei do Legislativo nº 198/91 (Processo nº 2371/91), por força do artigo 81, da Lei Orgânica Municipal. Do EXPEDIENTE constaram os Ofícios nºs 597, 598 e 605/91, do Prefeito Municipal. A seguir, nos termos do artigo 100, da Lei Orgânica Municipal, Tribuna Popular, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Edson Lopes, Presidente do Conselho de Desenvolvimento Comunitário da Restinga - CODECORES, que manifestou-se sobre diversos assuntos relativos ao Bairro Restinga. Após, o Senhor Presidente respondeu Questão de Ordem do Vereador Ervino Besson, acerca dos oradores da Sessão Solene destinada à entrega do Título de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Adauto Vasconcellos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Artur Zanella comentou a respeito da necessidade de estudos que viabilizem um projeto urbanístico e econômico no Distrito Industrial, sugerindo reunião com os Vereadores ligados à Restinga para que sejam logo iniciadas essas obras, a fim de não perder os recursos consignados no Orçamento para o próximo ano. O Vereador Luiz Machado discorreu acerca do pronunciamento do Senhor Edson Lopes, afirmando que o problema de segurança na Restinga se tornou mais evidente quando da diminuição do efetivo da Brigada Militar naquela área. Solicitou maior atenção do Partido dos Trabalhadores à administração da Cidade. O Vereador Edi Morelli denunciou a grande publicidade dessa Administração Municipal na Zona Sul, bem como os gastos da infra-estrutura com “outdoors”. Comentou o desinteresse do Partido dos Trabalhadores na implantação do Distrito Industrial na Restinga e da sua incompetência para administrar a Empresa de Ônibus Sopal. O Vereador Lauro Hagemann relembrou a história do Distrito Industrial da Restinga, salientando a necessidade de sua implantação, bem como do atendimento das exigências para a instalação do mesmo. Afirmou, ainda, que a partir do ano que vem esse Distrito começará a se expandir, pois os estudos demandam tempo. Durante a Sessão, o Senhor Presidente registrou a presença de Professores e Alunos da Escola Estadual Ildo Meneghetti. Às quatorze horas e cinqüenta e sete minutos os trabalhos foram suspensos, nos termos do artigo 84, II, do Regimento Interno, sendo os mesmos reabertos às quatorze horas e cinqüenta e nove minutos, após constatada a existência de "quorum". Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Leão de Medeiros discorreu acerca da Planta Genérica de Valores de Porto Alegre, dizendo haver equívocos e irregularidades na elaboração da mesma. Afirmou, ainda, que a partir dos dados que Sua Excelência possui todo contribuinte poderá conhecer o valor venal de seu imóvel, ressaltando que a Adminsitração Municipal aumentou o IPTU acima dos índices de inflação. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Dilamar Machado discorreu acerca dos pronunciamentos hoje proferidos por Vereadores sobre o Distrito Industrial quando da administração do Senhor Alceu Collares à frente da Prefeitura Municipal. Falou, também, sobre a incompetência do Partido dos Trabalhadores diante da intervenção nas empresas de ônibus na Cidade, informando que a SOPAL está sendo devolvida a seu antigo proprietário. O Vereador Ervino Besson, reportou-se sobre a abertura da 7ª Festa do Pêssego da Vila Nova, comentando o sucesso dos anos anteriores e o incentivo dos produtores hortifrutigranjeiros daquela região. Agradeceu ao Executivo Municipal e à Empresa Porto-alegrense de Turismo pelo apoio àquela comunidade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Adroaldo Correa reportou-se acerca dos transportes coletivos e da renovação da frota de ônibus. Comentou o pronunciamento do Vereador Leão de Medeiros sobre a Planta de Valores de Porto Alegre, considerando que o valor do imposto a pagar é sobre o valor real do imóvel. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Elói Guimarães informou que na SOPAL existem tipos diversos de idéias, levando-a a uma situação desesperadora. Ressaltou a falta de autoridade na Administração Municipal frente à ATP, dizendo haver subjugação. Denunciou, ainda, a falta de diplomacia do Secretário Municipal de Transportes por não receber Comissões ou Vereadores para tratar de assunto pertinente aos transportes coletivos. O Vereador João Dib homenageou o SINDICÂMARA por reivindicar o cumprimento da lei no que diz respeito aos reajustes salariais dos municipários. Referiu-se sobre a atitude do Senhor Diógenes de Oliveira, assumida por Sua Senhoria há anos, quando apedrejou o Prefeito Municipal da época, para reclamar o aumento das passagens dos coletivos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Wilson Santos pronunciou-se acerca da entrega da SOPAL ao seu antigo proprietário e da doação de ônibus à Empresa da Restinga. Solicitou esclarecimentos sobre transferências de funcionários da SOPAL para a Companhia Carris Porto-Alegrense. Questionou sobre a reputação dos Deputados Federais que defenderam, na Câmara dos Deputados, o Senhor Jabes Rabelo e, também, sobre os que se abstiveram na votação secreta referente à cassação do mandato daquele Deputado. Às dezesseis horas, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene a ser realizada às dezessete horas e convocando-os para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Airto Ferronato e secretariados pelos Vereadores Leão de Medeiros e Wilson Santos. Do que eu, Leão de Medeiros, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.

 


O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão.

Questão de Ordem com o Ver. Ervino Besson.

 

O SR. ERVINO BESSON (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu não sei bem se é uma Questão de Ordem, mas eu queria que V. Exª recebesse o meu pedido e a Mesa nos desse um retorno, na medida do possível. No dia 21 próximo, quando a Casa estará dando o Título de Cidadão ao Sr. Adaucto, para que a Mesa estudasse a possibilidade de quebrarmos o protocolo: antes que a Diretoria Legislativa se dirigisse ao Líder para que este aponte qual o Vereador que falará em nome da sua Bancada, que esse protocolo fosse quebrado em função de a Mesa determinar que fosse dada oportunidade a todos os Vereadores para que se pronunciassem neste dia. Logicamente, determinando o tempo de cada um.

 

O SR. PRESIDENTE: Recebido o pedido. A Mesa vai averiguar.

Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

Concedemos a palavra ao Sr. Edson Lopes, que falará em nome do Conselho de Desenvolvimento Comunitário da Restinga, CODECORES, manifestando-se sobre diversos assuntos relativos ao seu bairro, nos termos do Proc. nº 2737/91.

 

O SR. EDSON LOPES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Conselho de Desenvolvimento Comunitário da Vila Restinga vem a esta Casa manifestar as suas opiniões, reivindicações e suas aflições com diversos assuntos que hoje fazem-se presentes no cotidiano de nossa comunidade. Durante muitos anos, as entidades comunitárias e os demais segmentos da comunidade da Restinga vêm lutando por melhorias nas áreas de saúde, segurança, educação, transporte, saneamento básico. Uma das mais aguerridas lutas que é a conquista definitiva da implantação do Distrito Industrial, este que recebemos por diversas vezes o aceno de sua implantação, mas que no fim não passava de um simples aceno. Até inauguração com coquetel já presenciamos na área, com calçamento de rua e tudo, mas infelizmente continuamos a esperar.

Após muitas reuniões, debates, pressões, reivindicações, o último empecilho foi vencido. Mas, para espanto da comunidade, agora o entrave é um erro técnico na licitação para o estudo de viabilidade urbanística, que certamente inviabilizará o início das obras ainda para este ano. O risco que corremos é de que a verba já destinada no Orçamento Municipal em 1991 de 109 milhões de cruzeiros, com todos estes problemas, caia em exercício findo, caixa geral ou qualquer outra que seja a nomenclatura contábil.

A comunidade reivindica aos Senhores Vereadores que nos ajudem a pressionar a Administração Municipal para que tal não aconteça. Que sejam iniciadas as obras ainda este ano, que não se perca a verba já destinada. Não é possível ficarmos mais uma vez na expectativa desta conquista.

Também reivindicamos a construção de uma nova escola ou, até mesmo, a construção de novas salas de aula, pois, certamente faltaram vagas para as crianças de lª a 4ª séries. Também, solicitação básica da comunidade a criação de novas turmas, tanto diurnas como noturnas, de 2º grau, tão necessárias para os jovens da Restinga. Nossas escolas, tanto estaduais como municipais, necessitam de reparos e manutenção. Nossos professores necessitam de uma atenção digna de sua responsabilidade, que é a de educar o cidadão do amanhã.

Enfrentamos ainda, em nossa comunidade, a falta de segurança, pois durante muitos meses a fio a comunidade lutou para conquistar a construção do quartel da 4ª Companhia do 1º BPM, só que agora nos deparamos com a falta do policiamento efetivo, pois a maioria dos policiais são deslocados para os outros bairros, como Ipanema e arredores, ficando a comunidade que lutou pela construção com um número irrisório de 3 a 4 policiais atendendo a comunidade. Levantamento realizado em duas semanas pelo CODECORES, que assim constatou esta aberração. Para tanto, nossa solicitação é o aumento de no mínimo 50% do efetivo, para que o Comando possa atender melhor a nossa comunidade. O Conselho também olha as dificuldades dos policiais e está, junto ao DEMHAB, lutando para que os novos loteamentos, Núcleo Esperança e 5ª Unidade, tenham casas destinadas aos policiais que venham a atender a Restinga, pois sabemos de suas dificuldades econômicas e de moradia.

Na área do transporte, obtivemos uma conquista, que foi a criação da empresa Tinga, onde conseguimos ter na comunidade um transporte digno para nossos cidadãos. O espírito de cordialidade existente entre a comunidade e a empresa não impede que o Conselho reivindique a incrementação das linhas Restinga-Tristeza e Direta, de segunda a domingo e aos feriados, pois é muito grande o número de pessoas, trabalhadores e estudantes, que necessitam dessa linha. Ainda mais agora, com o Shopping Praia de Belas, pois a Restinga também sabe apreciar as evoluções da nossa cidade.

Sendo assim, solicitamos o entendimento dos Senhores Vereadores. E, aos muitos candidatos à vereança e a Prefeito Municipal que já passaram e que certamente passarão, no próximo ano, por nossa comunidade, tenham certeza: o povo da Tinga saberá avaliar a contribuição de cada um para o seu desenvolvimento. Amigos. Estes jovens que aqui estão hoje esperam que os slogans não fiquem nos vidros dos carros ou nas placas de publicidade e que as promessas não recaiam em anos eleitorais. O que queremos é que realmente se tenha coragem de mudar. Sem medo de ser feliz, pois a Tinga que te ama saberá dar proximamente o seu veredicto. 03 de outubro é só daqui a 11 meses. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PFL. Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sabem todos os Vereadores que os integrantes da CUTHAB estão envolvidos num seminário que se desenvolve nesta Câmara, até com certo brilho, diria eu. Mas não poderia eu, no momento em que o Presidente do CODECORES, as lideranças comunitárias e os alunos que aqui estão, deixar de vir aqui cumprimentá-los, principalmente os alunos da Escola Ildo Meneghetti. Foi praticamente a última obra que eu fiz no DEMHAB quando fui Diretor daquele Departamento, a 4ª Unidade, que foi entregue ao Estado naquele convênio que existia antes. Praticamente, o Estado nunca mais cuidou da sua manutenção, com problemas, até, há pouco lá ocorridos e que já foram consertados, até, por um ex-funcionário da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Dr. Schaan, que está hoje trabalhando no Governo do Estado nesta área e que, pelo que sei, diligenciou para conserto deste problema ocorrido no Colégio Ildo Meneghetti.

Quanto ao Distrito Industrial, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.Presidente do CODECORES, é uma história que parece interminável. Aquela área foi comprada em 1979, quando eu era Diretor do DEMHAB, a firma AVIPAL recebeu em pagamento, se não me engano 54% em dinheiro e o resto com uma permuta e que depois de um certo tempo esta permuta foi embargada pelos herdeiros numa situação que até hoje eu não entendo muito bem como foi aquele embargo. Mas, como a Justiça declarou que, efetivamente, o DEMHAB deveria providenciar de outra forma o pagamento há certo tempo a situação foi esclarecida, esta Casa recebeu a documentação concernente ao Distrito Industrial. Muitos daqui assinaram lá, até como testemunhas e depois apareceu outro problema. Agora, este levantado pelo Sr. Presidente do CODECORES é um pouco kafkiniano, uma licitação para viabilidade econômica, viabilidade urbanística de uma área industrial que já teve obras em 1980 e tinha Projeto aprovado desde aquela época. O Ver. Dilamar Machado e o Ver. João Dib sabem disso, foi aprovado o Projeto, foram conseguidos recursos do BRDE, foram aplicados esses recursos e, agora, fazer uma licitação para um projeto de viabilidade? É uma situação muito difícil de definirmos. Uma das questões que discutem com as entidades da Restinga é a idéia de que na próxima inauguração de um equipamento comunitário da Sociedade Recreativa Beneficente Estado Maior da Restinga servir como um local para a comunidade se reunir e discutir assuntos como esse.

Na verdade, hoje estamos numa colocação de problemas sem a presença dos responsáveis do Município, mas a existência da necessidade de um novo contrato com uma empresa para fazer um estudo de viabilidade urbanística e econômica para um projeto que faz 10 anos, para o qual há um escritório, o ESCAI, torna impossível que se receba mais essa desculpa de que ainda vai-se fazer um estudo para viabilidade de um projeto que já está em obras, com empresas inscritas, uma série de entidades inscritas, com seminários realizados.

Por isso, nesta Casa devemos fazer uma reunião com os doze Vereadores ligados àquela área, para que finalmente se iniciem as obras, porque, senão, vamos perder os recursos consignados no Orçamento deste ano para o início dos trabalhos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Luiz Machado.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ouvintes, pertenço à Bancada do PDT e represento, neste momento, a Bancada do PMDB; falo pela Mesa, também. Agradeço às entidades presentes, à comunidade da Restinga, aos jovens, crianças, estudantes e professoras, nossa querida e guerreira Ernestina, e nossa amiga Anita Falcone; Srs. Vereadores, é evidente que os problemas que vêm ocorrendo nos últimos anos, na famosa novela da Restinga, até aqui na Câmara se vê a resposta. Olhem, jovens, olhem para esses bancos que estão vazios. Muitos, aqui, comandam a Cidade, aqui a Bancada que representa o Governo do PT. No momento em que falava a comunidade da Restinga estavam presentes apenas dois Vereadores da Bancada do PT. É assim, Vereadores, que se vê o interesse pela comunidade. Quem sabe todos esses Vereadores, na reeleição, no ano que vêm , estarão lá na Restinga buscando votos como em toda parte de Porto Alegre, serão candidatos assim como este Vereador também será. Agora, é lamentável; quando o Legislativo cruza os braços, um segmento do Legislativo cruza os braços, muito pior será o Governo. É esta a tristeza que se abate sobre uma comunidade que tenta construir alguma coisa e que esbarra sempre, sempre, na má-vontade. Quando o poder público quer, ele se reúne com o Legislativo e resolve.

Simplesmente, existe uma má vontade. Passou a questão judicial, acabou; fizeram festa, a comunidade, terminou o problema; agora, aparece outro. É para não usar o dinheiro, mesmo, é para não sair a obra. Aqui vai um desafio à Frente Popular. O Partido que se diz do povo, de trabalhadores, tem uma responsabilidade: gerar emprego àquela gente. No momento em que isso acontecer, serei o primeiro a agradecer ao Partido do Governo. Agora, Srs. Vereadores, não posso cruzar os braços quando vejo que existe má-vontade até aqui, nas várias Administrações que passaram, em instalar o Distrito Industrial.

Portanto, quero também dizer que o problema de segurança na Restinga se tornou mais evidente, quando não é atendida a reivindicação da comunidade pelo aumento do efetivo da Brigada Militar, da 4ª Companhia, da Restinga. É evidente que vai chegar às mãos do Governador esta reivindicação do CODECORES, para que seja, no mínimo, em 50% aumentado o número de efetivo para dar segurança à nossa gente. Chega de trabalharmos só para o rico, vamos trabalhar para os trabalhadores também, vamos administrar a Cidade com transparência. Vamos fazer obras com transparência, vamos trabalhar pelos humildes, vamos trabalhar pelos trabalhadores. Pois o Partido de V. Exª é o PT, governa a Cidade e comanda a Cidade. Acho, sempre acharei, que a Bancada que tem que estar mais presente aqui, em assiduidade, nos dias da Tribuna Popular, para falar em nome da Cidade, à população carente, à população trabalhadora é a Bancada do PT. Se não está presente, não merece a nossa consideração, porque aqui está quem comanda a Cidade, e é daqui que tem que sair a responsabilidade junto à opinião pública. Quando, aqui, o Legislativo cruza os braços, muito pior vai ser a Prefeitura. Mas eu serei um ferrenho adversário daqueles que negam progresso à Restinga. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PTB. Com a palavra o Ver. Edi Morelli.

 

O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Presidente do CEDECORES, Senhoras, líderes comunitários, futuro do nosso Brasil - são os estudantes -, disse bem o Ver. Luiz Machado: quando há falta de interesse da Administração Popular - que está sendo chamada “Administração Publicitária”, porque a coisa é só publicidade, publicidade, publicidade; infestaram principalmente a Zona Sul de outdoors, que não custam barato: “O Distrito Industrial da Restinga é uma Realidade”. Tem que rir, não é? Vou dizer uma coisa para vocês, principalmente para vocês, jovens: o adiamento é a forma mais implacável da recusa. Porque vão adiando, adiando, até o outro lado se dar conta de que não há viabilidade. Isso pode ser aplicado em qualquer coisa na nossa vida: o adiamento é a forma mais implacável da recusa.

Havia três invasores numa área que estava sendo permutada, de onde saíram dois e ficou um, e a Administração Popular não fez absolutamente nada para retirar aquele que seria o impasse no momento. As Senhoras, que são líderes comunitárias da Restinga, sabem bem do que estou falando. Quer dizer, ficou um invasor, e ficou, e ficou, e ficou. Eu acredito que o Distrito Industrial da Restinga, Ver. Luiz Machado, não foi implantado porque a “Administração Publicitária” gastou todo o dinheiro da infra-estrutura em outdoors. Outdoors mentirosos que foram infestar a Zona Sul: “O Distrito Industrial da Restinga é uma realidade”. Que realidade? Triste realidade! A triste realidade do desinteresse da Administração Popular em implantar o Distrito Industrial da Restinga!

 

(Aparte anti-regimental.)

 

O SR. EDI MORELLI: Não, Vereador, mas eu aceito seu aparte anti-regimental dizendo que o seu Partido está no Governo há três anos, e há três anos que engana o povo. E engana tanto o povo que gastou milhares e milhares de cruzeiros na SOPAL e agora devolve, porque não tem competência para administrar. Esta é a verdade. Que assumam esta tribuna e tenham a coragem de dizer o contrário do que estou dizendo. A incompetência fez com que devolvessem a SOPAL, porque não tiveram competência para administrar. Devolveram falida, com déficit violento, sucateada. E aqui os jovens estudantes estão presenciando como age a Bancada do PT nesta Casa, para revidar o que não podem revidar. Partem para o tumulto, porque é o que sabem fazer, tumultuar as coisas, porque quando não querem que seja votada alguma coisa aqui tumultuam ou, então, retiram o “quorum”.

Mas, talvez agora, depois daqueles outdoors em preto e branco, venham outdoors coloridos, com mais uma mentira da Administração publicitária dizendo que o Distrito Industrial da Restinga é uma realidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, especialmente jovens estudantes da Restinga, em atenção a eles venho à tribuna, para lembrar um fato que deve ser sempre lembrado, o ano que vem é um ano de eleições. E por isso, muitas vezes a emoção cede lugar à razão.

Vocês são moradores da Restinga, o prezado Presidente do CODECORES esteve aqui, expôs suas reivindicações, justas, sensatas, a Casa ouviu, e vão ser levadas ao Executivo, na medida do possível serão atendidas, serão consideradas, porque a cidade não é só a Restinga, são vários outros lugares que precisam de atendimento. Mas eu gostaria de relembrá-los um pouco a história do Distrito Industrial da Restinga. Nós não estamos dizendo que o Distrito Industrial da Restinga é uma realidade, porque não é. Os editais foram abertos agora para se discutir o Projeto do Distrito Industrial da Restinga. Foi afirmado desta tribuna que este Projeto já existe, mas não o Projeto da Frente Popular. A Frente Popular quer um outro Projeto Industrial para a Restinga, por uma razão muito singela: que tipo de indústria vai se instalar na Restinga? Não é qualquer tipo de indústria. Nós não podemos pretender que se instale na Restinga uma indústria siderúrgica, por exemplo. Todo mundo sabe a distância que leva, aqui do Centro da Cidade até a Restinga, o quanto é difícil levar matéria-prima para a Restinga. Que tipo de matéria-prima, que tipo de transporte se usará? Como vai voltar esse produto de lá?  Para onde vai ser distribuído? Isso tudo são estudos que demandam um pouco de tempo. E tenho informações de que em março de 1992 o Distrito Industrial da Restinga começará a sair do chão.

Todos sabem o quão difícil foi a longa marcha para se chegar até aqui. Houve, é verdade, um equívoco, ou até, se quiserem, um erro na questão urbanística que teve que ser revisada. O Distrito Industrial da Restinga tinha problemas de Plano Diretor, foi sanado esse aspecto. Agora, as coisas estão começando a entrar no seu leito normal. Mas assim como o Distrito da Restinga, a Vila Restinga, o Bairro Restinga foi instituído sem se perguntar a ninguém; simplesmente, a população foi posta lá. Não cabe aqui perguntar por que, nem se houve razões supervenientes, acontece que hoje o Bairro Restinga é uma realidade, e ele precisa ser visto como uma realidade de Porto Alegre. Agora, as coisas não são solucionadas de um dia para outro. É claro que o Distrito Industrial da Restinga é obra fundamental para manter a população do Bairro Restinga nas suas imediações, no seu local de moradia, porque hoje se comete um crime contra a população daquela zona da cidade, fazendo com que as pessoas tenham que trabalhar no Centro da Cidade, ou em bairros mais distantes. São quilômetros e quilômetros de trajeto por dia. Tempo perdido. Ontem, no Seminário da CUTHAB foi citado um dado estarrecedor: determinados trabalhadores brasileiros gastam 7 horas e meia por dia em transporte, não em Porto Alegre, mas em outras cidades do país. Isso corresponde a uma jornada de trabalho. Onde fica o lazer dessas criaturas? Onde fica a convivência com a família? Onde fica a educação? Onde fica o descanso? Isso não se leva em conta, e é claro que tem que ser levado em conta. Por isso, precisa-se de um pouco de tempo para acomodar essas situações.

 

(Aparte anti-regimental.)

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Ver. Luiz Machado, respeito V. Exª, morador da Restinga, defensor justo e equânime da Restinga, mas, imagine, pela sua ponderação, de que fazem doze anos que se arrasta o problema; a Administração da Frente Popular tem três anos. Nós herdamos isso e estamos tentando corrigir. Nos dêem, pelo menos, esse crédito de confiança. Chegaremos juntos com a Restinga lá onde todos querem chegar. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a presença dos alunos e professoras da Escola Estadual Ildo Meneghetti.

Vamos suspender os trabalhos da Sessão por dois minutos para que possamos apresentar as nossas despedidas a nossos convidados.

Estão suspensos os trabalhos da Sessão.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h57min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 14h58min): Tempo de Liderança com o Ver. Leão de Medeiros, pelo PDS.

 

O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, para quem não sabe, para quem não conhece, este “monstrengo” aqui, de 633 páginas, 5 quilos, esse “mistério”, essa “esfinge”, trancada a sete chaves durante várias administrações, é a Planta Genérica de Valores! Ou seja, aquele documento oficial que mexe no patrimônio das pessoas, na medida em que fixa o valor do metro quadrado de terreno. E que, jamais, em 30 anos, ninguém ousou publicar. O que esse mistério desvenda? O que contém aqui dentro? Só dois exemplares existem: um arquivado na Secretaria Municipal da Fazenda, sem acesso, portanto, ao contribuinte; e o outro que acompanha o orçamento e que querem que a Câmara, indiretamente, o aprove. Tenho um compromisso com a Cidade, tenho um compromisso com os Srs. Vereadores e já havia dito que não será com o meu voto que será aprovado este Orçamento, pois se estará aprovando indiretamente esta Planta de Valores, cujos equívocos e cujas irregularidades são palpáveis a olho nu para quem queira nela se debruçar. E disse que também faria todo o esforço para que esta planta de valores, sempre negada a conhecimento público, viesse a público.

Sinto-me gratificado por ver o meu propósito atendido. Essas 633 folhas foram sumariamente reduzidas a 18 folhas, através de uma publicação inserida como encarte de uma atividade privada. Ou seja, a transparência do PT, sempre alardeada mas não executada, é modestamente realizada por este Vereador, que aumenta sua responsabilidade para não aprovar coisas iníquas como as que contém esta planta de valores. Tenho a certeza, Ver. Isaac Ainhorn, que a partir desta publicação todo contribuinte estará conhecendo o valor venal do seu terreno, base do IPTU de cada contribuinte de Porto Alegre. E fico a indagar por que nunca publicaram isso? Porque era grande? Mas isto foi possível, basta um pouco de criatividade, um pouco de vontade política de transformar este “monstrengo”. Ele é assim porque não tem interesse na sua divulgação. Foi reduzido a um documento simples, de fácil leitura, transformado em apenas 18 páginas, Ver. Adroaldo Corrêa! 17 mil logradouros da Cidade transformados em 18 páginas! É possível de se fazer. Foi desvendado o segredo da noiva! A virgindade se foi.

E o que contém este documento? Contém aquilo tudo que já se presumia e um pouco mais. Basta debruçar-se no que aqui contém. Ruas, quarteirões inteiros, estão tendo a sua valoração alterada acima dos índices de inflação para 1992! Não há explicação alguma. Se a média ficou em 200, 300%, há inúmeros logradouros, mexendo-se no bolso do contribuinte, que estão sendo reajustados em 570%, como na rua 7 de Abril, e na rua Dona Laura, com 391%. Na Avenida Goethe, Ver. João Dib, o reajuste do metro quadrado do terreno é 905%! Qual a justificativa para isso? Com que direito mexem no patrimônio do contribuinte, sem uma explicação cabal para esta Casa? E não se pára aí. Na Rua João Otávio Mânica é de 1299% o reajuste do metro quadrado do terreno. Que média é essa, Ver. Adroaldo Corrêa? Na rua Drª Aurora Nunes Wagner é de 969%, e até a rua Rádio e TV Gaúcha, é de 969% o aumento do metro quadrado do terreno, do ano passado para cá. E mais: pegando-se aleatoriamente, como Avenida Assis Brasil, 1052% é o aumento do metro quadrado do terreno. Isto tudo embutido na Planta de Valores que querem que a Câmara aprove! Na Assis Brasil, mais uma vez, temos aumentos de 1038%. Numa rua eminentemente residencial do Jardim Sabará, a Avenida Grécia, 1471% de aumento, quando a inflação, quando muito, será de 400%! Qual a explicação para isso? E nós, Vereadores, não vamos nos sensibilizar?

Por isso, o meu pedido anterior de sobrestamento da apreciação do Orçamento. Encerro, dizendo que não são só estes dados que constam na Planta de Valores. Em quarteirões comparados, porque agora é possível comparar logradouro com logradouro, nós vamos ver que a Rua José de Alencar, por exemplo, está com valor maior por metro quadrado de terreno que as ruas mais nobres do Bairro Moinhos de Vento! A Rua Jardim Cristóffel - quem não conhece? - está com preço abaixo de ruas da classe média ou proletária desta Cidade. É um absurdo, e fico gratificado por ter contribuído com um trabalho de utilidade pública para os contribuintes desta Cidade. Assim, tenho a honra de passar às mãos do Presidente desta Casa este documento que, tenho certeza, supre aquela deficiência, aquela transparência alegada da Administração Popular, mas que sempre negou fazer pelos 400 mil contribuintes de Porto Alegre, e não deixando de lembrar também que há verdadeiros descalabros no metro quadrado de terreno de zonas proletárias onde o valor do imposto anual é menor do que o custo da emissão do próprio carnê. Muito obrigado, e eu volto ao assunto.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de

 

COMUNICAÇÕES

 

Com a palavra o Ver. Dilamar Machado por cedência de tempo do Ver. Luiz Machado.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes de entrar no assunto que me traz à tribuna, gostaria de fazer pequenos reparos com relação a algumas colocações feitas pelos oradores, no que diz respeito à atuação da Administração do Município junto à Vila Restinga, e o faço em nome do PDT e da Administração Alceu Collares. Quero lembrar aos Vereadores que aqui compareceram que durante a Administração do Dr. Alceu Collares ali foram construídos três centros integrados de educação municipal; foram implantadas, na Vila Castelo e na Vila dos Flagelados, mais de 500 moradias do convênio com a SEAC, incluindo rede elétrica e rede de água de abastecimento d'água potável; foi construída a creche da Vila dos Flagelados; foi na administração do Dr. Alceu Collares que a Restinga ganhou a sua Companhia da Brigada Militar, com aquartelamento feito pela comunidade com auxílio do Governo, terreno que já havia sido destinado na Administração do Dr. Dib. Foi na Administração do companheiro Alceu Collares que foram regularizadas as situações de milhares de mutuários dos conjuntos habitacionais da Restinga. E dizer ao Dr. Artur Zanella, Vereador desta Casa, que não foi o Schaan que mandou fazer a obra de restauração do Colégio Ildo Meneghetti, foi o Governo Alceu Collares, através do Projeto Mutirão, que está restaurando, recuperando centenas, milhares de prédios escolares não só em Porto Alegre como no Estado, através da Secretaria de Obras do Estado e da Secretaria da Educação. Não se pode colocar uma questão desta ordem, desta grandeza como uma ação isolada de um ex-funcionário do Município, por sinal, extremamente competente, encarregado do Projeto Mutirão na SDO, por delegação do Secretário Jorge DeBiagi.

Mas o assunto que me traz à tribuna é aquele que foi tocado, levemente, pelo Ver. Edi Morelli: efetivamente, o PT está devolvendo a SOPAL, exatamente à pessoa a quem acusavam de ter desviado todo o dinheiro daquela empresa para comprar fazendas em Taquara e não sei aonde mais, Sr. Nestor Laim, aquele mesmo sobre o qual havia uma faixa, frente à empresa, durante a intervenção e durante a desapropriação da empresa, dizendo "fora, Laim". Ele está assumindo novamente a SOPAL, cuja dívida importa em quatro bilhões de cruzeiros, cinco milhões de dólares. O Município, por determinação judicial, depositou cento e nove milhões de cruzeiros, em meados do ano passado. Não sei quanto vale isso, se já recuperou ou não. No bojo desse equívoco, não digo ser incompetência, porque não faço essa injustiça ao PT. O PT é extremamente competente. É outra história. O que ocorreu com a devolução da SUDESTE, de outras empresas, VTC, e agora com a SOPAL, não é incompetência, tanto que a nossa tarifa vem sendo mensalmente reajustada em níveis inferiores ao processo inflacionário e hoje é de 200 cruzeiros, sendo a mais cara do Brasil. Não há nenhum município deste País, capital de Estado, com circuitos de transportes coletivos do nível de Porto Alegre com essa tarifa, nem São Paulo, onde há liberalismo na fixação de tarifa.

Mas trago à análise da competência do PT. É que, no bojo de todo esse fracasso da intervenção, pomposamente chama de “Operação Carruagem de Fogo”, o que acho ridículo. Tenho certo pudor em imaginar a reunião onde alguns companheiros do PT discutiam como chamariam a operação: “Carruagem de Fogo”. E lá se foram com elas, que hoje se transformaram em carroças; nada restou de um processo que parecia grandioso, de extrema coragem e ousadia. Meteram a mão no bolso do empresário, e hoje devolvem tudo. O pior é: para acomodar os companheiros que estavam na SOPAL, e chamo a atenção do Ver. Lauro Hagemann, porque o seu Partido que dirige a CARRIS, estão demitindo em massa, já fizeram isso com uma centena de funcionários, para absorver os que estavam na SOPAL. Estão demitindo da CARRIS para admitir aqueles da SOPAL que não vão ficar por lá. Essa é uma das exigências do Sr. Nestor Laim: “Eu pego a SOPAL de volta, sucateada, desmanchada, destruída, devendo milhões de cruzeiros, mas não quero ninguém do PT aqui dentro.”. Me parece até razoável, dentro de uma negociação. Agora, sacrificar os companheiros trabalhadores da CARRIS não me parece uma medida justa. O companheiro Paulo Cruz, que, por sinal, é Suplente de Vereador nesta Casa, Suplente do PT, já está desempregado, já não é mais o dirigente da SOPAL, já está lá nos corredores da Secretaria da Administração, procurando lugar para onde ir, se vai tirar uma licença médica ou coisa parecida para depois dirigir o seu destino. Isso tudo aconteceu em reunião há pouco mais de 24 horas nesta cidade, foi no mesmo dia em que o Conselho Municipal de Transportes Coletivos, ao que me consta, sequer sem a provocação formal da tão falada Associação dos Transportadores de Passageiros, se reuniu e arredondou a tarifa para 200 cruzeiros, o que, aliás, contraria a Lei do Troco, projeto do Ver. Luiz Machado que se torna inócuo, agora pode-se arredondar de 200 cruzeiros para 300 cruzeiros, e com isso vem o aumento da tarifa de lotação e hoje se define também um novo aumento da tarifa de táxi.

O que queria deixar bem claro é que há poucos dias alguns companheiros do PT criticavam o PDT, que, na ocasião das intervenções, não deu a força política necessária ao Partido dos Trabalhadores. O nosso inefável Deputado Flávio Koutzii, à época Vereador desta Casa, num bombástico discurso, eu lembro da frase, quando nós entregamos o Poder Municipal ao PT, a tarifa em Porto Alegre era de 90 centavos, o Deputado dizia: “Há um estranho conluio entre o PDT e os transportadores de ônibus de Porto Alegre.”. Isso eu lembro. Aliás, hoje, freqüente, assíduo participante do Programa Câmara Dois. Como diria o nosso saudoso Ver. Clóvis Brum, nada como um dia depois do outro. O Ver. Flávio Koutzii, que aqui vinha e chamava aquele programa de balcão de negócios, hoje está lá, estrela do Sr. Clóvis Duarte, sendo usado, homem da inteligência do Ver. Flávio Koutzii, sendo usado por um negociante como o Sr. Clóvis Duarte, para intrigar permanentemente o Governo Alceu Collares, que, queiram ou não queiram os companheiros do PT, é um Governo que disputa com o Partido dos Trabalhadores a área popular, pois esta é a situação, companheiros. Então, eu pergunto aos companheiros desta Casa: o que houve? Houve um estranho conluio entre a Administração do PT e a ATP? Este é um negócio normal? Se desapropria? Se deposita em juízo, se arrota grandeza? Se diz aos 4 ventos que vamos salvar o transporte coletivo e, um ano e pouco depois, se devolve ao Nestor Laim?

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Dilamar Machado, eu havia pedido a formação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para saber dos 6 bilhões de cruzeiros que a SOPAL devia. Agora, claro, vai entregar a Sanatta, porque as empresas e a própria Prefeitura devem estar entrando com o dinheiro. Não sei se agora era mais importante essa Comissão Parlamentar de Inquérito, para saber como foi feito esse negócio.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: É uma questão que fica. Então, quero dizer aos companheiros do PT que vou aguardar. Naturalmente, os companheiros Vereadores têm muito mais conhecimento do que eu. Eu apenas conheço os efeitos. Estão devolvendo a SOPAL para o Nestor Laim, estão demitindo os servidores da CARRIS, para acomodar os companheiros que estavam na SOPAL, o transporte da Zona Norte sabidamente não melhorou, não sabemos o que vai ocorrer daqui para a frente. Mas acredito que, tendo em vista a decantada e até transparência da Administração Popular, um dos companheiros dirá. Talvez o companheiro Flávio Koutzii, da tribuna da Assembléia, faça um belo discurso e explique à população da Cidade que o elegeu Deputado a verdadeira história da encampação e da devolução da SOPAL ao Sr. Nestor Laim. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo Vereador inscrito é a Verª Letícia Arruda, que cede seu tempo ao Ver. Ervino Besson.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu agradeço è Verª Letícia Arruda por ter me concedido o seu tempo, mas vejo que o Ver. Omar Ferri também tinha pedido. Mas, Vereador, eu considero o assunto importante, tenho certeza de que essa importância eu estendo a todos os Vereadores desta Casa. É a respeito de que no próximo sábado vai se dar a abertura da 7ª Festa do Pêssego da Cidade de Porto Alegre.

Em 1985, alguns daqueles produtores de hortifrutigranjeiros da Vila Nova reuniram-se para que a cidade de Porto Alegre tivesse maiores condições de ver o que é que aquela região da Vila Nova produzia. Então, em 1985, resolveram fazer a 1ª Festa do Pêssego, o que demonstra, no decorrer desses seis anos, o sucesso e o acerto daqueles produtores, ao fazerem, naquela região, todos os anos, a Festa do Pêssego.

Agora vou ler os dados, desde a primeira festa até a sexta: em 1985, que foi a Primeira Festa do Pêssego, foram vendidas 10 toneladas de pêssegos, com 5 mil visitantes; em 1986, foram vendidas 25 toneladas, quando 15 mil pessoas visitaram a Festa; em 1987, vendidas 45 toneladas, com trinta mil visitantes; em 1988, vendidas 60 toneladas, com 65 mil visitantes; em 1989, foram vendidas 120 toneladas de pêssegos, quando visitaram a Festa 100 mil pessoas. Em 1990, foi a 6ª Festa do Pêssego, quando a Vila Nova recebeu, com muita honra, aproximadamente 120 mil pessoas, e vendeu 150 toneladas de pêssego. E, agora, na última segunda-feira, nós estivemos ali, juntamente com S. Exª o Prefeito Municipal, o Ver. Wilton Araújo, o Dep. Valdir Fraga, alguns Secretários do Município e uma representante da EMATER, na Chácara do Moresco. Depois, tivemos a oportunidade de ver nos jornais o Sr. Prefeito Municipal apanhando pêssegos. É por isso que a Vila Nova deve servir de exemplo para as autoridades nacionais com relação ao que representa o incentivo ao produtor, porque esses heróicos produtores, principalmente os da Região Sul, Vila Nova, Belém Velho, Rincão, Restinga, Lami, estão conseguindo se manter pelo seu esforço e pela sua luta, porque sabemos bem o que é a especulação imobiliária em cima de áreas nobres como na Zona Sul. Por isso, é preciso que haja fibra e sangue familiar para que essas pessoas permaneçam ali como produtoras. Ver. Bosco, vejo que V. Exª está atento ao meu pronunciamento.

Então, aproveito para convidar todos os Srs. Vereadores e todos os funcionários da Casa para irem à Vila Nova, para verem o que representa a Festa do Pêssego. V. Exas terão a oportunidade de encontrar diversos produtos daquela região, como geléias, schmier, doces de pêssego, enfim, tudo produzido lá. E digo mais, no ano passado dei uma carona para uma senhora, ela foi visitar a Festa do Pêssego, mora há 30 anos na Cidade de Porto Alegre, e não sabia que todo aquele produto que ela encontrou lá, de primeira linha, era produzido aqui na nossa região, no Cinturão Verde da nossa Cidade.

Portanto, não posso deixar de parabenizar as autoridades municipais, todas as autoridades que estão apoiando aqueles produtores, pois eles se sentem incentivados para produzir cada vez mais aqueles produtos. Pois sabemos que a nível nacional o Governo Federal nada faz para o pequeno e médio produtor, lamentavelmente. E também os do interior que estão abandonando hoje os seus locais de origem e vindo para a cidade trazendo estes enormes problemas para a nossa Cidade. Portanto, quero agradecer ao Executivo Municipal, em especial à EPATUR, em nome do seu presidente, Sr. José Carlos D'Ávila pelo apoio que está dando àquela comunidade.

Tenho certeza de que muitos dos Senhores vão ter oportunidade, neste final de semana ou nos três fins de semana, de ir à Vila Nova e ver o galpão que a EPATUR está montando lá para receber a todos com o maior conforto. Os Senhores terão oportunidade de levar os seus familiares a um local adequado para sentar com suas famílias e saborear os pêssegos e todos os produtos lá da Vila Nova.

Portanto, é com enorme alegria que ocupo os 10 minutos concedidos pela Verª Letícia Arruda, para deixar o convite a todos os Senhores Vereadores. Repito mais uma vez, estendendo este convite a todos os funcionários desta Casa. Tenho certeza de que lá todos nós vamos nos encontrar, e sairemos satisfeitos, pois teremos oportunidade de saborear bons produtos, especialmente o pêssego que é produzido lá na Vila Nova. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com PT. Ver. Adroaldo Corrêa.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, a Bancada do Partido dos Trabalhadores sente-se, de certa forma, muito honrada pelas palavras recém ditas pelo Ver. Ervino Besson. Aliás, agradece. Quanto às palavras do Ver. Dilamar Machado, vamos esperar que os fatos realmente existam ,porque nem tudo o que é publicado na imprensa, às vezes, corresponde à verdade. Como jornalista eu sei disso. Às vezes é um balão de ensaio. Nem tudo que vai na imprensa corresponde, pelo menos, à verdade do que o conjunto das partes envolvidas entendem como solidamente construído.

Na Zona Norte, como em toda a Cidade de Porto Alegre, a Administração Popular vem tentando construir uma política de transportes que sirva ao povo de Porto Alegre, renovando as frotas, atendendo linhas há muito desassistidas por empresas que não faliram na nossa Administração Municipal. Estavam há longo tempo depreciadas e o resto é conseqüência do debate que envolve inclusive os permissionários. Claro, como não? A Prefeitura de Porto Alegre tem que ouvir, sim, os usuários; tem que ouvir, sim, a Câmara de Vereadores, os seus reclamos através da representação que faz; mas tem que ouvir também os permissionários, que têm o interesse objetivamente colocado na exploração do serviço e são proprietários, ainda que questionados legalmente, das empresas de Porto Alegre, do ponto de vista da renovação da frota, principalmente àquelas questões referentes ao plus, por exemplo.

Mas, gostaríamos de responder ao Ver. Leão de Medeiros, também. O Ver. Leão de Medeiros traz aqui 5,6 kg de papel, todos vimos que é uma grande quantidade, e quer isso distribuído a todo cidadão contribuinte de Porto Alegre, para fazer o quê? O Ver. Leão de Medeiros não explica. Só porque o projeto de acesso a cada uma das economias,  em cada uma das economias de cada um dos contribuintes, ainda não se implantou. E a nossa iniciativa por computação, onde o contribuinte, com o número do seu cadastro, vai saber o imposto a pagar, o cálculo que é feito, mas será implantado antes do final do ano, que é o Projeto SIM. O Ver Leão de Medeiros traz aqui 5,6 kg de papel e diz: cada contribuinte tem que andar com um desses papelórios embaixo do braço, para saber o que pagará de imposto, se o seu imóvel está além da inflação avaliado ou não. Só que não diz o Ver. Leão de Medeiros, por exemplo, que vários dos imóveis pagavam irrisória taxas, que vários dos imóveis, localizados não pelo logradouro, que não é Jardim Itati ou coisa semelhante, como o Vereador disse. A Av. Grécia fica no Passo d’Areia e fica dentro de uma região que não é reconhecida como Jardim Itati, e pode ter um casebre de madeira como pode ter uma mansão, porque eu morei ali e sei que há possibilidade de abrigar mansões. Eu morei num casebre, Vereador, infelizmente, nos fundos de uma economia, porque infelizmente sou de berço não esplêndido, embora de honesto servidor público federal, que no período foi arrochado pelo que acabamos de sair juntos, na luta contra a ditadura militar. Eu morei na Ariovaldo Pinheiro, próxima à Av. Grécia. A minha escola ficava ali, Dolores de Alcaraz Caldas, que hoje transferiram o nome para uma outra escola na Restinga, ficava na Praça da esquina das duas ruas: Umbu com Av. Grécia.

E diria ao Ver. Leão de Medeiros que não basta situar o logradouro, tem que saber o que tem em cima, qual a metragem do logradouro, se é só uma economia, se é um edifício de apartamentos, obviamente é diferente o imposto. É diferente se ele estava subavaliado anteriormente, se ele está a 60% do valor venal, como está, e se passa a ser corrigido acima da inflação, mas se ainda está abaixo do valor venal. Tem que ser feito esse cálculo, e convidamos todos os Vereadores à Comissão de Finanças e Orçamento a ter com o Sr. Secretário da Fazenda esses esclarecimentos, hoje, aqui nesta Casa, a convite da Câmara de Vereadores.

Quanto ao Distrito Industrial da Restinga, neste momento, a etapa que está se vivendo é a da licitação, sim. O edital de projeto, que é diferente de projetos anteriores, é o projeto da Administração Popular para o Distrito Industrial da Restinga. Se outras indústrias foram planejadas para lá por outros governos - siderúrgicas, por exemplo -, nós não vamos bancar esse projeto; uma fábrica de celulose, nós não vamos bancar esse projeto. Nós vamos bancar um projeto que seja realmente de acordo com a necessidade da população e que atenda às possibilidades de trabalho daquela população. Isso é o edital que está sendo publicado, talvez na próxima semana. Nós queremos dizer, com relação a esse projeto, que ele terá obras em março do ano que vem, não terá obras este ano; senão, vai se aplicar a rubrica orçamentária, o Orçamento deste ano pode cuidar, nós votaremos até 29 de novembro o Orçamento, e ele deve cuidar de reservar a rubrica para o Distrito. Não podemos fazer uma obra sem projeto e nem com projeto que não nos refere, na Administração Popular. Diria isso para ficar no tempo que me deu a Bancada do Partido dos Trabalhadores e respeitar o Regimento Interno. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo inscrito é o Ver. José Valdir, que cede o seu tempo ao Ver. João Motta. (Pausa.) Desiste. Próximo inscrito é o Ver. Airto Ferronato, que cede seu tempo ao Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a gente sabe, conhece que um governo, um partido é formado de diversos segmentos. Há matizes em todos os partidos políticos, com diferenças no campo ideológico, no campo técnico, e por aí se vai. Mas os jornais, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, dão notícia, vejam bem, da devolução da SOPAL a um grupo de empresários. Dentre esses empresários o ex-proprietário da SOPAL, o empresário Nestor Laim. Eu fui procurado, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, e aí é que vejo a coisa com grande gravidade, eu fui procurado pela Associação dos Transportes de Lotação, eles têm uma Associação. Eu tentei, em diversas oportunidades, inclusive me valendo da competência do coordenador da Bancada do PT nesta Casa, que é o Adaucto, uma audiência com o Sr. Secretário dos Transportes. Há horas que temos tentado que os transportadores de lotação levassem ao Secretário as suas angústias, os seus planos, etc. e tal. Tornou-se impossível, vejam bem.

O que eu gostaria de dizer e chamaria o testemunho de muitos, eu, na Secretaria Municipal dos Transportes, atendia de portas abertas, qualquer do povo. Pois bem, o Secretário dos Transportes não atende Vereador, não atende associações, o interesse da comunidade. Não quero atacar o PT como um todo, mas esta é uma discussão que vai longe, vamos discutir muito este assunto, porque é gravíssimo. A situação, hoje, da Administração no que respeita ao transporte coletivo é de absoluta subordinação, absoluta e total falta de independência. Eu não quero aqui envolver toda a Administração, mas é muito sério o relacionamento que se instaurou entre a Secretaria Municipal dos Transportes, setores da Administração, com setores do transporte coletivo. Procurado pelos transportadores de lotações, eu disse que não adiantava eu procurar a Administração, pois não há autoridade da Administração frente à ATP, pois há subjugação. Então me dirigi ao Presidente da ATP, o José Guerreiro e disse: "Olha, Guerreiro, eu estou te ligando para me informar sobre essa situação. Eu acho que, quanto o relacionamento da negociação que vocês estabeleceram, eu acho que vocês podem pedir tudo, evidentemente, porque vocês estão recebendo uma empresa que foi levada à catástrofe.”. Esta é a situação do transporte da SOPAL. É uma verdadeira catástrofe. Levou-se aquela empresa, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, da forma mais irresponsável possível, e eu lembro aqui o testemunho do Deputado Flávio Koutzii, na época era Secretário do Governo, e eu pedia a ele: “Ó, Flávio, faz o seguinte: entrega esse abacaxi, isso é uma situação muito complicada.”. E o Flávio me disse: “Olha, tu vê, nós até gostaríamos, e tal, mas têm setores” - não esqueço esta palavra – “têm setores que nos dificultam que se faça a devolução da SOPAL.”. Palavras do hoje Deputado Flávio Koutzii.

Pois bem, a situação da SOPAL é uma situação séria, mas a Administração, Ver. Lauro Hagemann, ficou, diante da ATP, inerte. Tanto é verdade, que hoje os transportadores do transporte coletivo impõem e a administração se cala. Essa é a verdadeira realidade. Em matéria de transporte coletivo, a Administração Popular se entregou, Ver. Lauro Hagemann, aos interesses do transporte coletivo, pois em outros setores a Administração Popular mantém uma boa administração.

Pois bem, uma das exigências, que eu até cobrei do Presidente da ATP, é tirar as lotações do Centro da Cidade. Vejam bem: este projeto está pronto para ser executado. Então, o mais grave em tudo isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, foi que a Administração Popular perdeu a soberania de governar no que respeita à questão do transporte coletivo. Então, há um projeto elaborado, pronto para ser colocado em execução. Nas condições da negociação eu não vou entrar; vamos devagar, pois não vou entrar em outros terrenos. É um terreno profundamente delicado. Vamos devagar, porque o transporte coletivo é muito delicado. Eu dizia aqui, há uma semana ou duas, que o denominado IPK, se mexer, a SOPAL dura dois dias. É uma situação muito séria. Então, não vamos avançar por esse terreno; vamos conservar o debate num nível razoável.

Uma das exigências é para que assumam. Já pediram mil desculpas ao empresário Nestor Laim, homem que foi agredido. Diziam que o Laim era isso, era aquilo. E eu quero dar um depoimento aqui: é um homem de bem, é um capitalista, é um empresário. Mas isso é problema dele. Que culpa ele tem? A culpa é do capitalismo. O Nestor Laim, os que o conhecem sabem a história desse homem, é daquelas famílias que, ao longo dos anos, conseguiram formar um patrimônio. E se fez uma crítica bárbara. Hoje, se pede desculpa. Mas o que é mais grave é que se levou a SOPAL a uma situação profundamente desesperadora. E, diante disso, o que fazem os empresários do transporte coletivo? Dizem: “Nós queremos isto, nós queremos aquilo”, e a Administração, vencida, prostrada, não tem como reagir.

Encerro, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dizendo que quando se instalou a Associação das Lotações, estavam os Vereadores, o Secretário dos Transportes - esse que não recebe Comissão, que não recebe Vereador. Eu trabalhava na Secretaria de portas abertas e recebia qualquer morador lá da Santa Rosa. Invoco aqui o testemunho do Ver. José Valdir. Então, me parece que a ATP pode fazer todas essas exigências, mas penso que há exigência que deve ser discutida, é a de retirar os transportes coletivos de lotação do Centro da Cidade, pois não é de interesse da Cidade.

Fico devendo o aparte ao Ver. Giovani Gregol, o que oportunamente farei. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Wilton Araújo. (Pausa.) Ausente. Com a palavra o Ver. Vicente Dutra, que cede seu tempo ao Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr Presidente e Srs. Vereadores: um registro, antes de mais nada: o dramaturgo grego Sófocles, antes de Cristo, já dizia: “Ninguém tem tanta obrigação de obedecer a lei quanto os que fazem a lei.”. Se eu não posso homenagear, neste momento, a Câmara Municipal, homenageio o SINDICÂMARA, que busca fazer com que se cumpra a Lei.

Tentei, por duas vezes, reunir as lideranças da Casa para que os interesses dos municipários fossem esclarecidos. Vejam bem: disse esclarecidos, nem quis dizer defendidos ou outro sentido. Queria esclarecidos. Nesta Casa disse duas vezes que os municipários tinham direito e que a Lei Complementar não poderia ser modificada por uma Ordinária; disse que o ato jurídico perfeito e acabado, sob a égide de uma lei, não poderia ser modificado por lei posterior. A Câmara disse por seu plenário, e não conseguimos reunir as Lideranças. O SIMPA, agora, deve ter sido calado pela Administração, pelo menos é o que diz o Relatório, é mais ou menos isso. Mas o SINDICÂMARA está atuante, vivo e buscando que se cumpra a lei.

O Dr. Diógenes, que não tem nada a ver com Sófocles ou outros gregos que por aí andam, deve ter imensas dificuldades em olhar os empresários. O Ver. João Dib, quando Prefeito, quantas e quantas tardes ouviu aquela voz sonora, aquela música do Dr. Diógenes, e o Diógenes cantava para o João Dib, e o João Dib, pacientemente, ouvia. Houve um dia em que o Dr. Diógenes saiu com a lanterna por aí afora, buscando cidadãos desta Cidade, para apedrejar o Prefeito. Fizeram um negócio na Esquina da Cidade, uma concentração popular às 17h, porque neste horário iriam conseguir gente e iriam apedrejar o Prefeito. O Prefeito culpado das tarifas, o Prefeito culpado de todas as mazelas do transporte coletivo urbano. Não fizeram na Esquina da Cidade uma concentração popular, devem ter arrumado uns 28 camaradas lá para apedrejar o Prefeito. Aí, com as bandeiras, os cartazes, as guitarras, entraram na Praça XV para trazer passageiros para reclamar a tarifa. O que aconteceu? Diminuiu o número. Eu estava lá olhando e achei, honestamente, que deveria ter uns 80, os jornais disseram que não chegava a 50, mas eu prefiro acreditar, depois de tamanho esforço, que ele tenha reunido uns 80, sendo que 15 eu mandei processar. Vejam só que 15 eu identifiquei, 15 passageiros do automóvel. Agora, o Secretário deve ter imensas dificuldades. Como é que ele vai falar contra aquilo que ele criticou sempre? Agora, ele só pode deixar: tomem a chave, levem o mercadinho, levem o armazém, porque, na verdade, ele não tem mais equipe para disciplinar o trânsito desta Cidade, a grande equipe da Secretaria Municipal de Transportes, que se constituiu ao longo de anos - e o Ver. Dilamar Machado pode ser testemunha porque foi funcionário da Secretaria dos Transportes - somando uma equipe. Falharam tudo.

Nós lemos aqui o Código Nacional de Trânsito, o Regimento, as resoluções, mas o Dr. Diógenes, do “Partido da Teimosia”, que, teimosamente, junto com outros, fez a intervenção, e aqui desta Casa foi avisado que o passado, que a história dizia que nenhuma intervenção do Município deu certo, já nem se falava que fosse só Porto Alegre, porque no resto do mundo também não deu certo. O PT tinha experiência lá em Diadema, eles sabiam que não dava. Agora, já que vão entregar a SOPAL - vão entregar porque não têm competência mesmo, de um déficit que era de 2 bilhões já está em 8 -, temos que dar um jeito no negócio antes que tenha que entregar a Prefeitura, antes que o Sarandi, sob o comando do grande Ver. José Valdir, resolva fazer emancipação e o Ver. José Valdir então entrega para eles, deixa tudo aglutinado. Mas então, eles agora se acharam: vamos fazer o quebra-carros em toda a Cidade porque nós temos que incomodar. Não temos competência, vamos fazer um barulho.

 

O Sr. Edi Morelli: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) É exatamente sobre isso. Aqui nessa Casa, o Secretário dos Transportes, Sr. Diógenes, disse que a construção de quebra-molas é inconstitucional. E incentiva a velocidade, porque se passar acima de 60 não se sente aquele sonorizador que eles chamam lá, só sente se passar de vagar. Então, estão incentivando a velocidade, porque os carros passam a 70 a 80 para não sentir.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Dib, com relação à tarifa que V. Exª estava discutindo da tribuna, eu digo a V. Exª que, no passado, eu lembro que a proposta, sempre que vinha da ATP, recebia algum tipo de redutor por parte dos ônibus da Prefeitura. Eu não vi nenhuma proposta que veio dos empresários, nesta Administração atual, do Dr. Diógenes, que tenha sofrido qualquer tipo de reduto. As propostas que têm vindo da ATP têm sido aceitas na sua totalidade, na sua globalidade. Isto realmente me assusta.

 

O SR. JOÃO DIB: Eu pensei que tinha que fazer um reparo a V. Exª dizendo que teria sido injusto ao Ver. Antonio Hohlfeldt, que foi Secretário dos Transportes. Porque quando ele era o Secretário dos Transportes, o “dono da Cidade”, o Dr. Olívio, recebia do Conselho Municipal dos Transportes um valor, e ele generosamente diminuiu um pedacinho.

Eu vou encerrar o meu pronunciamento dizendo, de novo: já que eu não posso cumprimentar os meus colegas, eu cumprimento o SINDICÂMARA. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PL. Ver. Wilson Santos.

 

O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, amanhã eu faço uma análise mais profunda sobre a SOPAL. Hoje, quero apenas dizer que estou estarrecido com a notícia da entrega da SOPAL, da capitulação do governo. E estou preocupado pelo seguinte: como o Governo doou 50 ônibus para a Restinga sem licitação, quero ver a forma jurídica desta entrega da SOPAL. Outra coisa: tenho informações - e quero confirmar hoje – de que os administradores que administraram a SOPAL estão sendo transferidos para a CARRIS. Agora, para enterrar a CARRIS, eles terão muitas dificuldades. Estão transferindo os administradores que administraram mal a SOPAL para a CARRIS. Porto Alegre não merece isso. Amanhã, volto ao assunto.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou preocupado com uma coisa: esta Casa avançou dentro do parlamento, terminando com as votações secretas. O PT teve a iniciativa, através do Ver. Décio Schauren. Terminou a votação secreta nesta Casa. Quero saber, e o povo quer saber, onde estão os 150 Deputados comprometidos com o narcotráfico. Votaram, apoiaram Jabes Rabello. 150 Deputados esconderam-se no anonimato, na vergonha do anonimato da votação secreta. O povo quer saber - sou povo e quero saber - quais foram os 150 Deputados que defenderam Jabes Rabello, e os covardes que no anonimato se abstiveram. 31 se abstiveram. 270 cassaram, mas não sei quem cassou e quem não cassou É uma vergonha! Esta Nação quer saber qual o Deputado a favor e qual o Deputado que é contra o narcotráfico. Foi provada a falsidade ideológica. Ele assinou carteiras, fez mil e uma coisas irregulares, como a compra e doação de automóveis, crimes com a comercialização de automóveis, comprovação de comprometimento criminoso com narcotráfico. Esta é a maior catástrofe, é um cataclismo sem precedentes. As drogas, que estão arruinando, apodrecendo a sociedade.

Um Deputado mancha o Parlamento brasileiro, e, na hora de se resgatar toda a credibilidade do Parlamento, de dar um atestado à Nação, de votar olho no olho, cara a cara, de votar transparentemente, se escuda no anonimato. Eu até quero levantar uma suspeita: terá deputado gaúcho comprometido com o narcotráfico? Eu quero saber, Vereador! Votação secreta não é votação cara a cara, olho no olho! A crise, no Brasil, é falta de vergonha na cara, falta de coragem! Eu tenho discutido com essa notável bancada governista, aqui, mas é olho no olho, cara a cara. Nós estamos dando exemplo aqui. Eu ataco o Prefeito, eu acuso o Prefeito e recebo, aqui, cara a cara, a pauleira do José Valdir, do Adroaldo Corrêa, mas nós somos exemplo para a Nação, nós fazemos transparentemente, abertamente, nós fugimos do anonimato, nós estamos fora dessa pecha do anonimato, dessa mácula do anonimato, nós terminamos com votação secreta! Mas lá se faz uma votação que poderia consagrar perante a Nação o Parlamento Nacional, e se faz votação secreta! E eu não sei! Está aqui, 270 cassaram, mas 150 Deputados, repito, comprometidos com o narcotráfico, e 31 covardes que se abstiveram. Quem são eles? Como eu vou julgar? Em quem eu vou votar agora na próxima eleição para Deputado Federal? Sinceramente, não sei.

Falo em meu nome e, embora não tenha consultado o Presidente do meu Partido, Onyx Lorenzoni, tenho certeza de que falo em nome da Executiva Regional do Partido no Rio Grande do Sul. É uma nota triste para esta Nação, uma Nação que precisa resgatar os padrões morais. Precisamos ter um terreno fértil e não estéril para a geração que vem aí. A geração do meu filho de oito anos, a geração dos meus filhos mais velhos. A nossa obrigação é estender um terreno fértil para a geração que vem aí. Não vamos deixar como herança essa sociedade apodrecida. Temos que resgatar os padrões morais. E lá em cima, a nível nacional, se cassou, foi um avanço, mas eu acho que foi uma nota triste para a Nação. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não há mais oradores inscritos. Encerramos os trabalhos da presente Sessão.

 

(Nota: Durante os trabalhos, o Sr. Presidente apregoou Ofício do Ver. Gert Schinke, informando o seu desligamento do Partido dos Trabalhadores.

Também, o Sr. Presidente deferiu Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn, solicitando a inclusão na Ordem do Dia, nos termos do artigo 81 da Lei Orgânica, do Projeto de Lei do Legislativo nº 198/91.)

(Levanta-se a Sessão às 16h.)

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